Seria bom se pudessemos voltar no tempo e fixar momentos, revivê-los.
Sentir os cheiros da infância, a despreocupação, a segurança e uma certa inocência mesmo que maliciosa. Ter aquela sensação de que as pessoas que amamos são imortais,que sempre estarão ao alcance da nossa voz, de um erguer de telefone.
Percebo hoje, que existem vários tipos de saudade. A saudade que sentimos das pessoas e que sabemos que basta uma visita, algumas horas dentro de um ônibus, de um trem, de um avião... que basta um abraço, um beijo e ficamos felizes para voltarmos para nossas vidas, já com saudades novamente, mas outro tipo dessa vez. Essa seria a saudade dos momentos passados, recentes e a vontade de ter de novo.
A saudade que tenho sentido ultimamente já é de um outro tipo. É uma saudade doída e incansável, que não dá trégua nem por um segundo. É saudade de coisas boas e de coisas que nunca imaginei que sentiria falta!
Saudades de tardes de chuva, ao pé de uma lareira, recostada nas pernas do meu pai, ouvindo histórias da infância dele... Saudades do gosto do arroz com bacalhau que ele fazia... Saudades do dia que me ensinou a jogar cartas, a amarrar o tênis, dos dias que me ajudou a apontar o lápis. Saudades das batidas na porta do banheiro, da voz dizendo p/ não demorar tanto no chuveiro. Saudades do olhar de repreensão, da distração com minhas conversas intermináveis, das mãos calejadas, do pigarro, do assovio, do volume alto da TV, do ranger do sapato e,mais tarde, do bater das bengalas no chão de madeira... Saudades do cheiro, do abraço, do beijo, da segurança, da voz.
Coisas que não tem como passar, que não tem como sanar, que precisa-se acostumar, conviver...
Pai, saudades ...
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